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Tutameia*

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“ Mas basta escutar a poesia (…)para que nela se faça ouvir uma polifonia e para que todo discurso revele alinhar-se nas diversas pautas de uma partitura” (Lacan, Instância da letra, p.507)

Frequentar a poética de nossa língua é um trabalho importante na formação de um psicanalista.

Em seu retorno a Freud, Lacan buscou um ensino que pudesse assimilar os recursos da língua, “especialmente aqueles realizados concretamente pelos textos poéticos”, a fim de restituir à fala o seu valor de evocação.

Em seu escrito Lituraterre, título trocadilho anagramático de Litterature, Lacan confessa que o seu jogo de subversão das Belas Letras foi tomado de Joyce, que soube deslizar pelo equívoco indo de letter a litter, pondo às claras a opacidade de sua prática textual.

Sabemos que o discurso analítico cerne o real específico de sua prática e, em extensão, pode operar um corte que faça ex-sistir, em uma escrita literária, o real que a habita. “Aquilo que não havia, acontecia. ” (Rosa). Esta é a nossa aposta.

Lacan em “Lituraterra” escreve: “não existe metalinguagem, mas o escrito que se fabrica com a linguagem poderia ser um material dotado de força para que nela se modifiquem nossas formulações. Não vejo outra esperança para os que escrevem atualmente”.

“Palavras em estado gasoso”, como diria Guimarães Rosa. “Quando escrevo, não penso em literatura: penso em capturar coisas vivas. ” “Sempre que algo de importante se faz, houve um silogismo inconcluso, ou, digamos, um pulo cômico do excelso. ”

O espaço Tutameia propõe sustentar, nesse próximo ano, a leitura de algumas poéticas e seguir com a investigação sobre algumas práticas de escrita, de escritos, de efeitos de escritos. O que podem elas ensinar à psicanálise?

As datas e as leituras escolhidas para este ano serão comunicadas posteriormente.
Coordenação:
Cristina Holzinger
Flavia Coutinho
Graça Curi
Mônica Belisário
Mônica Brandão
Paula Strozenberg
Vanda Pignataro